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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Descuido com Galeão mostra fragilidades do Rio

Praça de alimentação do aeroporto Galeão
Foto: WikiRio
Mayra Nolasco

O aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim vive um momento de transição em meio aos preparativos dos projetos urbanos para a primeira Olimpíada do Rio de Janeiro. Em agosto desse ano, no lançamento do Programa de Investimentos em Logística de Rodovias e Ferrovias, a presidente Dilma Rousseff anunciou o projeto de novas concessões de aeroportos, onde prevê um pacote com medidas necessárias para reduzir o custo do país. A concessão do aeroporto do Rio, uma estratégia do governo federal para investir em infraestrutura, ainda é um plano indefinido pela presidente. Único internacional da cidade, o Galeão, que tem capacidade para 8 milhões de pessoas, parece estar abandonado, entregue a passageiros jogados em seus saguões.

Com uma área de 17,88 Km², o Galeão trabalha com 171 balcões de check-in. O número demonstra a quantidade de passageiros que frequenta diariamente o aeroporto. Além do descuido com a estrutura do espaço - que corriqueiramente tem luzes queimadas e escadas rolantes quebradas –, a área dispõe de 11 restaurantes que não funcionam 24 horas por dia, contradizendo os órgãos responsáveis, que afirmam que o serviço funciona sem parar. Entre os bares, lanchonetes e restaurantes distribuídos nos terminais 1 e 2 estão grandes redes como Bob’s, Rei do Mate, Kopenhagen e Casa do Pão de Queijo.

De acordo com a Infraero, o serviço de alimentação do Galeão funciona 24 horas, o que parece muito estranho para os passageiros que circulam durante a madrugada nos terminais. Para quem espera um voo atrasado ou parte um pouco mais tarde para seu destino, é inviável comer no aeroporto. No caso de passageiros com alguma necessidade especial, a falta de uma área de alimentação mais adequada a um aeroporto internacional se une a falta de conforto que o Galeão proporciona.

Questionados sobre o horário de funcionamento, os responsáveis pelo atendimento do Bob`s e do Rei do Mate asseguraram que ficam abertos durante 24 horas, mas não abriram mão de perguntar o porquê do questionamento. Já o restaurante Pastello afirmou que fecha às 23h, comprovando que não são todas as empresas alimentícias que funcionam 
ininterruptamente no aeroporto. Em 2011, o gerente do Rei do Mate, assim como os dos restaurantes Tropical, Café Palheta, Hallah e Bob`s, foram presos e autuados pela prática do crime de relação de consumo. Em uma fiscalização feita pelas Delegacias do Aeroporto Internacional (Dairj) e do Consumidor (Decon), os cinco estabelecimentos foram interditados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que encontrou mais de 300 quilos de mercadorias impróprias para o consumo. 

Comparado aos outros aeroportos internacionais do Brasil, o Galeão não impressiona em números. O aeroporto Guararapes, do Recife, é um exemplo disso. Menor do que o do Rio, tem menos da metade de balcões de check-in e dispõe de 14 lanchonetes, quantidade maior do que a do aeroporto que faz parte da capital das Olimpíadas. Comparado com o aeroporto de Londres, sede dos últimos jogos, o Galeão não tem nem condições para competir. Heathrow é o terceiro aeroporto mais movimentado do mundo, com 43 restaurantes disponíveis. Entre eles, seis grandes empresas funcionam 24 horas.

Enquanto o Comitê Olímpico Internacional pressiona o Brasil para a melhoria da infraestrutura da área nacional, a Associação dos Concessionários Aeroportuários do Rio (Acap-RJ) comunicou, através de uma nota, que lanchonetes e restaurantes deverão funcionar ininterruptamente, assim como os serviços de aluguel de automóveis. No que diz respeito à praça de alimentação, fica muito claro que as novas regras ainda não começaram a valer no Rio, mesmo com a garantia das fontes oficiais. Basta passar uma noite nos terminais do Galeão para perceber o péssimo estado do palco de recepção mais importante dos jogos de 2016.

Gávea terá estação de metrô em dois níveis

Nina Lua 


Foto: Metrô Rio/Divulgação
“O que não queremos é aceitar que vinte dias de Olimpíadas de 2016 sejam mais importantes do que o futuro do metrô do Rio”. A frase publicada no site do Movimento Metrô que o Rio Precisa exprime as divergências que cercam a construção da Linha 4. A expansão do sistema metroviário é uma das melhorias no transporte previstas para os jogos olímpicos de 2016, com a construção de seis estações: Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Leblon, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz. A nova linha pretende transportar mais de 300 mil pessoas diariamente, segundo dados do governo do estado, e pode vir a significar menos dois mil carros por dia nas ruas, de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas. No entanto, seu traçado ainda é motivo de discussões.

A estação da Gávea é uma das principais fontes de debates. A previsão da FGV é de que, desde o primeiro ano de uso, ela receba cerca de 20 mil passageiros por dia. Por isso, associações de moradores e governo estadual negociaram a construção da estação em dois níveis, o que possibilita a ligação da Gávea tanto a Ipanema quanto ao Jardim Botânico. A construção de apenas um nível significaria a interdição da estação alguns anos após ela ser inaugurada, quando as obras para ligá-la a Jardim Botânico e Botafogo, previstas para depois dos jogos olímpicos, fossem iniciadas. Em 25 de junho, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), acatou os protestos de moradores e aprovou a instalação de dois pavimentos na Gávea. O começo das obras é previsto para o próximo semestre.

A ligação entre Jardim Oceânico e Alvorada, estação inicialmente prevista no estudo da FGV, será feita, por enquanto, através do BRT, projeto da prefeitura para o transporte na zona oeste. O Movimento Metrô que o Rio Precisa defende que o traçado atual da Linha 4 na Barra da Tijuca não pode ser justificado pelo ponto de vista econômico. Segundo seus representantes, para evitar que o grande volume de usuários da Barra, do Recreio e de Jacarepaguá tenha que fazer baldeações intermodais, o metrô deve cobrir o trecho de seis quilômetros entre Jardim Oceânico e Alvorada. A alegação do Movimento é de que o custo menor de implantação do BRT não é suficiente para explicar os transtornos da população no futuro.

Parque Olímpico gera polêmica com CBA


Georgia Gomide


A construção do Parque Olímpico para os jogos de 2016 vem gerando polêmica, já que o local escolhido para obra é o mesmo terreno onde está o Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá. A grande questão que impediu até agora o início das obras é o   fato de a CBA, a Confederação Brasileira de Automobilismo, ter um acordo judicial assinado antes dos Jogos Pan-Americano em 2007 assegurando que o autódromo só poderá ser destruído após a construção de um novo. O problema é que o COI, Comitê Olímpico Internacional, requisitou a área do autódromo para as instalações do Parque Olímpico. Para que isso aconteça não basta apenas fechar o autódromo, mas oferecer uma alternativa para o automobilismo antes de iniciar a demolição. O terreno escolhido para a transferência do autódromo é o mesmo onde o Exército realiza treinamentos, no bairro de Deodoro, na Zona Oeste da cidade. Enquanto a prefeitura não consegue um acordo com o Ministério Público e o Exército, as obras vão ficando cada vez mais atrasadas. 


Projeto do Parque Olímpico
Foto: Divulgação

Além do acordo judicial assinado entre a CBA e a prefeitura, outro entrave para o início das obras foi a questão ambiental. Em abril de 2012 o Conselho Municipal de Meio Ambiente emitiu um parecer contrário à escolha do terreno para abrigar o novo autódromo carioca, alegando que a região faz parte da Mata Atlântica. O parecer foi aprovado e assinado pelo presidente do Conselho e vice-prefeito Carlos Alberto Muniz, afirmando que a obra afetaria um Sítio de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental pelo Plano Diretor do Rio. Já o prefeito Eduardo Paes se posicionou contra o parecer e afirmou que a prefeitura irá conceder a licença ambiental para obra. Isso tudo porque é de interesse da prefeitura que as obras para o novo autódromo comecem o quanto antes para que as obras do Parque Olímpico sejam iniciadas conforme a lei. 

O autódromo de Jacarepaguá foi construído em 1978 e foi palco de inúmeros eventos automobilísticos, como o Grande Prêmio do Brasil de Formula 1 e a etapa brasileira de Moto GP. O autódromo teve a sua pista reduzida para receber o Complexo Esportivo Cidade dos Esportes os Jogos Pan-americanos em 2007. A obra, que descaracterizou o autódromo, custou R$ 14 milhões aos cofres públicos e não será utilizada para os Jogos Olímpicos. Todas as alterações feitas serão demolidas.

A hipótese de o novo autódromo do Rio ser transferido para Deodoro não conta com apoio do Exercito, que defende o uso da área para treinamento, apesar de estar em processo de degradação. O Exército entrou com uma ação junto ao Ministério Público, que sugeriu a construção do novo autódromo em um terreno próximo à área militar, a uma distância de um quilômetro do local escolhido. Além disso, a vereadora Sônia Rabelo ( PV) declarou ao jornal O Globo que se a licença ambiental da obra for concedida pela prefeitura, pretende entrar com uma ação popular contra a aprovação do projeto. Para Sônia, um autódromo é altamente poluente. Ela e se apoiou na Lei Orgânica Municipal para afirmar que as áreas verdes da cidade não podem ser vendidas. 

Apesar de toda a polêmica, ficou definido que a construção do autódromo de Deodoro será iniciada em janeiro de 2013. A decisão foi tomada em uma reunião em Brasília no dia 14 de junho de 2012 e contou com a presença do presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Cleyton Pinteiro, e representantes do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura. Ficou definido que a obra para o Parque Olímpico está autorizada a começar, com a condição de não interferir no calendário de eventos automobilísticos já marcados até o final do ano.

Voluntários aguardam as Olimpíadas do Rio


Elena Cruz

O carioca que tem orgulho da cidade e quer contribuir como pode para que ela seja bem vista pelo mundo. Para isso abre mão de receber pelo serviço prestado em troca de algo mais valioso: o sentimento de gratificação. São os voluntários, que podem assumir as mais diferentes funções, desde recepcionista bilíngue até a limpeza da areia das quadras de vôlei de praia. Um dos trabalhos mais esperados pelos voluntários está por vir: as Olimpíadas 2016. Em 2007, os jogos Pan Americano, contaram com mais de 80.000 inscritos, mas apenas 20.000 foram selecionadas. Quem não conseguiu no Pan, e ainda tem guardado esse desejo, pode agora concorrer para trabalhar nas Olimpíadas. Em 2009 o site de candidatura Rio 2016 recebeu mais de cinco mil inscrições. Apesar de não estarem reabertas a expectativa já é grande, na rede social facebook existe a fanpage Voluntários –Rio 2016, com mais de 19.500 “curti”, apoiando o tema.

De acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro, esta seleção terá alguns critérios na hora da escolha: candidatos que entendam o conceito de diversidade na hora de servir e de serelacionar com o público.

A torcida já começou bem antes de 2016 para muita gente. Flávia Jacques tentou ser voluntária em 2009, não conseguiu. Torce para ser selecionada dessa vez “Perdi as primeiras inscrições, mas agora estou atenta ao site oficial, quero participar e contribuir com meu carinho e dedicação. Já faço trabalho voluntário em um pré-vestibular comunitário e gostaria de ampliar esse tipo de experiência”, disse a aluna de licenciatura em biologia na UFF.

O crescimento de interesse pelo voluntariado no Brasil é jovem. Em 1995, a então primeira dama Ruth Cardoso criou centros voluntários em todo o Brasil, capacitando o trabalho voluntariado e estimulando este tipo de prática no país. Essa iniciativa pode também ser conveniente para o voluntário: ensina uma profissão, dá experiência e ainda mostra que o profissional tem pró-atividade, é engajado com questões sociais e se compromete. Nos últimos anos ficou cada vez mais comum adicionar nas informações do currículo a experiência voluntário.


Taxistas na corrida para a Rio 2016


Site alertanoticias
Debora Margem
A quinta edição do projeto “Taxi! Corrida para o Futuro” é parte dos preparativos para receber milhares de turistas em 2016. O programa tem o objetivo de qualificar os taxistas cariocas. O curso é gratuito e oferece aulas de idiomas (inglês e espanhol básicos), turismo, direção defensiva, entre outras disciplinas. Foram abertas 120 vagas para turmas e as aulas terão início no próximo dia 24 e vão até março de 2013. Outro projeto voltado a qualificação dos taxistas é o “Taxi Boa Praça”, lançado pela Riotur que irá qualificar e reorganizar o sistema de taxistas no município. Novas regras foram criadas para os taxistas que usam pontos de taxis em áreas turísticas e aeroportos. Os taxistas não poderão ter mais de 20 pontos na carteira, e deverão ter o conhecimento de inglês e espanhol. Os licenciados nesses locais terão até 12 meses para se qualificarem. 

Na prática, o programa “Taxi! Corrida para o Futuro” vem mostrando problemas. Segundo a a página de inscrição do programa no site do Detran-RJ as 120 vagas abertas já foram preenchidas. As inscrições que iriam até dia 21 deste mês foram antecipadamente encerradas. O número de vagas oferecidas não chegam perto do número de taxis registrados no Rio de Janeiro. Dados do portal IG, retirados do SMTR no site da prefeitura, mostram que a cidade tem hoje uma frota de aproximadamente 32 mil táxis, a segunda maior do País. Associado a sua população de 6,3 milhões de habitantes, esse número coloca o povo carioca em uma situação aparentemente privilegiada de um táxi para cada 198 habitantes. Mas a capacitação não chega a todos os profissionais da categoria.

Pouco antes do Panamericano, realizado no Rio de Janeiro em 2007, a Prefeitura lançou o programa “Rio + Hospitaleiro”, que também ofereceu cursos gratuitos de idioma para os taxistas. O curso obteve críticas na época em relação a sua duração, considerada pequena para o aprendizado necessário. A base dessa capacitação se mostra defasada. Não há uma pesquisa de quantidade de taxistas que falam outro idioma no estado do Rio de Janeiro. De olho na Copa do Mundo de 2014, a São Paulo Turismo realizou uma pesquisa inédita para averiguar quantos taxistas falam outro idioma na cidade. A pesquisa revelou que 71% dos motoristas só falam português. O idioma mais falado pelos taxistas é o inglês com 14,5% , seguido pelo espanhol (9,2%), japonês (1,3%) e francês (1,1%). A pesquisa ainda mostra que a falta de outro idioma é a principal melhoria requisitada pela categoria (67,5%). A pesquisa ainda mostra a média de escolaridade e perspectivas dos taxistas que acreditam em um melhora na rotina com a Copa do Mundo em 2014. Desde 2006, o Observatório do Turismo da SPTuris mantém um serviço atualizado de acompanhamento dos indicadores relacionados ao turismo da cidade de São Paulo, servindo de referência para o setor. À Riotur por sua vez falta essa iniciativa.

Caso não esteja em um ponto turístico ou em aeroportos, uma dica para pegar um bom taxi é usar o aplicativo Taxibeat. O programa mantém contato com os taxistas que são avaliados por notas dadas pelos últimos usuários. O passageiro pode escolher o taxi que quer pegar com base na melhor avaliação, o melhor veículo ou o mais próximo a você. O aplicativo está disponível para iphones e androides.

Zona Portuária tem sistema de coleta de lixo limpa


Fonte: Divulgação
Mariah d'Avila

A revitalização da região portuária do Rio de Janeiro abrange alterações no espaço físico, mudanças no sistema de transportes público e uma nova forma de coleta de lixo. Centro, Saúde e Gamboa serão áreas pioneiras na implantação do sistema de coleta de lixo Coleta +Rio, uma maneira diferente e pioneira de coleta seletiva. 


As latas de lixo que ficam nas calçadas contém um fundo falso. Assim, os resíduos são armazenados em contêineres subterrâneos, com capacidade para três mil litros de material, evitando o contato direto com o lixo, o mau cheiro e os ratos e baratas. Além disso, desobstrui as calçadas dos sacos de lixo e faz com que os caminhões da Comlurb não tenham mais que passar pelas ruas fazendo coleta. 

O projeto se inspirou em um exemplo português, da cidade de Portimão, e foi desenvolvido pela Concessionária Porto Novo. Além de Portugal, na Europa há outras cidades que também adotaram o sistema, como Barcelona, na Espanha. Nessas cidades, os contêineres são ligados a uma tubulação que suga o lixo para um centro de separação de resíduos. No Brasil, a cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, também utiliza o armazenamento subterrâneo de lixo. 

A Porto Novo recolhe por mês em média mais de mil toneladas de lixo nas ruas dos bairros do Centro, Saúde e Gamboa. Para o projeto inicial, serão 42 latas de lixo, sendo 21 para produtos orgânicos e as outras 21 para recicláveis. 

A atenção ao meio ambiente faz parte do projeto olímpico. Entre as ações da cidade voltadas para o desenvolvimento sustentável, estão o envio dos entulhos das obras na cidade para novas usinas de reciclagem, onde haja separação dos resíduos orgânicos dos recicláveis; a redução do lixo enviado para os lixões; e a criação de um programa de reciclagem do material da Olimpíada.

Rio se inspira em Londres na acessibilidade


Ligia Lopes


O Rio de Janeiro, capital das Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016, se inspirou nos jogos de Londres deste ano, cidade que foi reconhecida mundialmente pela infraestrutura de acessibilidade aos deficientes. A cidade carioca adotou, desde sua candidatura, em 2009, a legislação federal sobre acessibilidade (Lei 10.098/2000), classificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das mais completas do mundo em relação às necessidades especiais. Para cuidar dessa questão dentro das instalações esportivas, foi criada a área de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado do Rio 2016.
Cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres 2012 apresenta o Rio como sede de 2016
(Foto: Getty/Olympic.org)

Algumas das medidas tomadas em benefício dos portadores de necessidades especiais foram a aplicação de pisos antiderrapantes, sinalização sonora e elevadores para cadeirantes nos veículos das novas linhas de BRT.

– As estações estão sendo construídas com rampas de acesso e piso tátil, além de uma catraca especial para deficientes e uma área de espera com total acessibilidade – exemplificou Roberto Ainbinder, diretor de projetos da Empresa Olímpica Municipal (EOM).

A Empresa Olímpica Municipal (EOM), da Prefeitura do Rio, é uma organização criada para coordenar os projetos olímpicos e trabalhar em parceria com o Rio 2016.

Os governos federal, estadual e municipal preveem maior conscientização da população em relação à acessibilidade e garantiram que haverá integração total dos deficientes na infraestrutura dos jogos, conforme as normas. Segundo o site oficial do Rio 2016, todos os sistemas de transporte público na cidade terão total acessibilidade até o ano dos jogos e os padrões de acessibilidade do Comitê Paralímpico Internacional serão aplicados em todos os novos hotéis da cidade.

– É importante pensar em todas as edificações com foco na acessibilidade universal. Para isso, é preciso pensar nas pessoas com deficiência física, visual, auditiva e também em pessoas idosas, gestantes, obesos, sem distinção – afirmou Augusto Fernandes, especialista em acessibilidade do Comitê Organizador Rio 2016.

Para os jogos olímpicos e paraolímpicos deste ano, a prefeitura de Londres fez um levantamento e identificou que existem cerca de 20% de deficientes físicos na cidade, e entre 8 e 10% do total dos visitantes de 2012 tinham necessidades especiais. Com o objetivo de incluir socialmente essa parcela da sociedade, foi inaugurado, em março de 2011, o site Inclusive London, onde podem ser encontradas informações sobre os locais da cidade estruturados para receber esse público, como restaurantes, postos de gasolina, hotéis, delegacias e locais de lazer. Já foram registradas mais de 11 milhões de visitas.

Antes de os jogos começarem, o prefeito de Londres, Boris Johnson, emitiu um comunicado prometendo se empenhar integralmente à sociedade: “Me comprometo a fazer os jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012 o mais acessível possível. Assim, todas as pessoas poderão ter acesso aos jogos”.

Quatro milhões de libras foram destinados a um projeto de inclusão social que previa obras de acessibilidade, como a substituição de degraus por rampas, melhor iluminação e sinalização, mais assentos e instalação de corrimãos.

A prefeitura criou, ainda, o projeto Destination London, um curso online que ensina como é possível ajudar deficientes físicos, mostrando os pontos da cidade preparados para eles. Em relação ao transporte, a página reserva um espaço especial, que mostra quais ajustes foram feitos para que o deficiente possa se locomover de metrô, ônibus, táxi, trem, barco ou sozinho. O interessado precisa se cadastrar no site e fazer o teste. Ao final do curso, o aluno ganha um certificado.

A expectativa é que o Rio consiga se tornar uma cidade-modelo tal como Londres se tornou. Segundo a organização dos jogos de 2016 e a Prefeitura, os projetos iniciais já começaram e, atém o ano dos jogos, tudo já estará em funcionamento.

– Nossa tarefa é encontrar soluções arquitetônicas, de engenharia e de comunicação que sejam funcionais e eficazes para entregarmos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos com o mesmo nível de serviço – explicou Tânia Braga, gerente da área de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado.

Reformar ou demolir o velódromo do Rio?



Angélica Veiga


Construção do velódromo conforme os padrões do COI
Crédito: COB_LANIMA20110427_0005_1
O governo brasileiro tomou ciência, há dois anos, do descumprimento dos padrões estabelecidos pelo Comité Olímpico Internacional (COI) na construção do Velódromo do Rio, no Autódromo Nelson Piquet, para os Jogos Pan-Americanos de 2007. As construtoras, na época, tiveram gasto médio de R$14 milhões. Duas pilastras centrais, que atrapalhariam a visão dos jurados, é uma das principais reclamações para uso olímpico do local.


  As soluções propostas são duas. A primeira seria a demolição completa do velódromo para construção de um novo. A segunda seria a reforma do já existente, com os ajustes necessários. Aumentar a capacidade para cinco mil pessoas, colocar mais banheiros, vestuários e boxes, melhorar o sistema de refrigeração e reformar a pista são algumas exigências para que se adeque aos padrões internacionais

O projeto de reforma proposto ultrapassaria os R$14 milhões gastos para construção do velódromo em 2007. O investimento previsto para o projeto de reforma seria de R$70,13 milhões, pela prefeitura, para construções permanentes e R$9,28 milhões para construções temporárias que sairiam do cofre do Comitê Organizador Rio 2016, segundo informações do Portal da Transparência e da Empresa Olímpica Municipal. As obras começariam em 2013 e seriam entregues em 2016. 

Para o prefeito Eduardo Paes a melhor decisão é a reforma do espaço, pois muito dinheiro já foi gasto e o espaço precisa seguir útil para o treino dos atletas. “Tenho certeza que a Federação Internacional de Ciclismo, a Federação [de ciclismo] do Rio e o Comitê Olímpico terão condições de propor adaptações ao comitê organizador dos jogos que não seja a simples demolição de algo construído com recursos públicos”, argumentou o prefeito

Mesmo assim, há aqueles que acreditam que a opção correta seja fazer tudo de novo. Para diretor de velódromo da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (FECIERJ), Antônio Marcio Domingues Ferreira, é mais fácil construir do que reconstruir. “Teríamos como fazer um velódromo dentro de todas as especificações necessárias de uma forma mais “simples”, já que é mais fácil construir do que modificar o que já está pronto”, comenta o diretor. 

Além disso, Ferreira ressalta que o problema ao optar por reformar o já existente seria a falta de espaço para treino. “Dependendo do que for escolhido e de como for escolhido, poderemos ficar um bom tempo – dois a três anos – sem ter um velódromo para treinar. Se optarmos por construir um novo velódromo, o correto seria construí-lo e quando estivesse pronto e podendo ser utilizado, desmontaríamos o atual”, diz. 

O poder público e o comitê organizador divulgarão o resultado definitivo só no final deste ano. Enquanto isso a licitação do projeto executivo, previsto para ser divulgado este mês pela Empresa Olímpica Municipal, será a diretriz para tomada da decisão final.



Transbrasil promete fluxo de 900 mil pessoas por dia

Otavio Rodrigues

A presidente Dilma Rousseff e o prefeito Eduardo Paes anunciaram que o governo federal financiará o expresso BRT (Bus Rapid Transit), da Transbrasil, corredor que ligará Deodoro ao Aeroporto Santos Dumont. Por meio dos recursos do PAC da Mobilidade Urbana, cerca de R$ 1,129 bilhão serão investidos na construção da via. Para completar o orçamento, a Prefeitura vai aplicar 171 milhões de reais.

O corredor expresso terá 23 quilômetros de extensão, e passará em seu trajeto pelas avenidas Presidente Vargas e Francisco Bicalho. Dessa forma, o novo sistema de transporte ligará as zonas Oeste, Norte e Centro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda de acordo com a Prefeitura, a BRT Transbrasil será responsável por transportar a maior demanda de passageiros do mundo. A expectativa é de que o corredor receba uma média de 900 mil pessoas por dia. Além disso, a via expressa da Transbrasil terá conexão com os corredores Transcarioca e Transolímpico. No entanto, para o engenheiro e diretor de implantação de projetos logísticos da Vale Fernando Mac Dowell, que concedeu uma entrevista ao site Caoscarioca, as expectativas da Prefeitura estão longe de serem atingidas, caso o investimento seja feito somente no corredor da BRT Transbrasil (Deodoro-Aeroporto Santos Dumont). Para o engenheiro, o sistema de BRT é um meio de transporte de média capacidade. Portanto, para a Transbrasil ser eficiente, a Prefeitura também precisaria investir em outros meios de transporte, como o Metrô e a Supervia. Qualificando as linhas já existentes do metrô e construindo uma linha de trem paralela à Transbrasil, o fluxo de passageiros seria dividido.

Para a construção da Transbrasil, a secretaria municipal de obras anunciou que a pavimentação e a urbanização das vias ao longo do trajeto serão melhoradas, um trecho da Avenida Brasil será alargado e a rede de drenagem de toda a via será reestruturada. Aa professora da UERJ e vereadora do Rio de Janeiro Sonia Rabello está preocupada com as comunidades que serão atingidas pela construção das vias da Transbrasil. Para a vereadora, os dados da Prefeitura não respondem como e para onde os moradores serão levados

Segundo a Prefeitura, as obras devem ser iniciadas ainda neste ano e tem a previsão de 36 meses de duração. Dessa forma, a BRT Transbrasil terminaria de ser construída em 2015, a apenas um ano dos Jogos do Rio de Janeiro terem início.






Demolição do Autódromo Nelson Piquet gera protestos

Leandro Garrido

O anúncio, pelo prefeito Eduardo Paes, de que a demolição por completo do Autódromo de Jacarepaguá vai começar em janeiro do ano que vem, tem movimentado o debate sobre qual é o melhor uso para a área. O projeto municipal é instalar ali o Parque Olímpico, principal complexo esportivo das Olimpíadas de 2016. Para substituir o circuito, a Prefeitura, em parceria com a Confederação Brasileira de Automobilismo, garantiu o início das obras do novo autódromo, em Deodoro, também para o início de 2013.

Construído em 1978, o Autódromo Nelson Piquet localizado na região de Jacarepaguá, foi palco de corridas da Moto GP, Stock Car e Fórmula 1, mas sofreu modificações estruturais e teve seu tamanho reduzido para construção de instalações do Pan 2007, como o Velódromo da Barra e o Parque Aquático Maria Lenk. Um ano depois, foi anunciada a demolição total do circuito para dar lugar ao complexo esportivo das Olimpíadas. As obras, porém, só vão ser iniciadas para valer em 2013, já que a CBA solicitou que o espaço continuasse recebendo corridas até o fim do ano. 

O Parque Olímpico Rio 2016 é uma iniciativa público-privada e vai sediar 14 modalidades olímpicas e nove paraolímpicas, além de contar com um centro de imprensa e um hotel. A construção e manutenção da área estão a cargo do Consórcio Rio Mais, vencedor da licitação da Parceria Público-Privada, sendo, assim, responsável pelo local durante 15 anos. 

Projeto vencedor do Parque Olímpico (Foto: Divulgação)


Apesar dos investimentos para os jogos olímpicos e a garantia da prefeitura na construção de um novo circuito, alguns automobilistas cariocas se mostraram contrários ao projeto de Deodoro e à demolição do Autódromo de Jacarepaguá. Em manifestação realizada no final de agosto, eles reivindicaram mais respeito com o circuito, considerado um patrimônio da cidade. Segundo os manifestantes, a prefeitura incentivou a especulação imobiliária ao fazer a licitação da área para construção de condomínios de luxo após as Olimpíadas. Em maio, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto liberando o terreno do Parque Olímpico para ser utilizado para fins comerciais.

A professora da UERJ e vereadora do Rio de Janeiro Sonia Rabello ressaltou que apenas 30% deste terreno seria utilizado no projeto do complexo esportivo dos Jogos Olímpicos 2016. O restante seria destinado ao mercado imobiliário. Além disso, ela alertou para o fato de que a região destinada ao novo autódromo tem bioma de mata atlântica, e as obras seriam prejudiciais à fauna e à flora da região.

O professor, médico e ex-administrador Regional de Jacarepaguá, Célio Lupparelli, também criticou a política de demolição e reconstrução de equipamentos públicos por parte da prefeitura. Para ele, demolir o autódromo Nelson Piquet e privilegiar a construção do Parque Olímpico é prejudicar as regiões da Barra e de Jacarepaguá, principalmente a comunidade Vila Autódromo, localizada ao lado do circuito, onde mais de 500 famílias temem ser removidas. A Prefeitura afirmou que a região é necessária para novas construções destinadas aos Jogos Olímpicos, apesar do projeto vencedor da licitação do Parque Olímpico não possuir o terreno em seu plano de obras.

Como tentativa de resolver a questão, a Associação de Moradores, elaborou o Plano Popular da Vila Autódromo, que defende a urbanização da área como melhor opção para os gastos públicos, além de preservar a permanência dos moradores.

Rio precisa ser acessível até 2016

Babi Costa

A rua Rodolfo Dantas, em Copacabana, é um modelo a ser seguido até as olímpiadas de 2016. Oferece rampas de acesso, sinais sonoros, sinais de trânsito inteligentes em braile (botões que acionam o mecanismo que faz o sinal de trânsito abrir para o pedestre), e piso indicativo para deficientes visuais. Esses itens precisam estar presentes em todas as ruas da cidade até as olímpiadas, mas por enquanto esse é o único local onde podem ser encontrados. A via é totalmente acessível desde 2008, quando a prefeitura em parceira com o Centro de Vida Independente do Rio (CVI-Rio), realizou intervenções para o projeto Corredor Acessível. 

A Psicóloga Lilia Martins, que vive na cadeira de rodas há 69 anos, é uma das fundadoras do CVI-Rio, relata que existem mecanismos para que as adaptações sejam feitas, mas as obras precisam começar em breve.

– Tudo pode ser feito, mas isso leva tempo, então precisa começar o mais rápido possível. Quando adaptamos a rua Rodolfo Dantas, era para ser um piloto e serviria como modelo. Com o efeito cascata, esperávamos que outras iniciativas fossem sendo tomadas e se espalhassem pelos bairros, mas esse projeto não teve continuidade. Espero que com tantos grandes eventos essa iniciativa seja duradoura – explicou ela

Para Lilian a acessibilidade não pode ficar apenas nas ruas, tem que estar presente em todos os cantos da cidade.

– O problema vai além das vias, na cidade quase não há hotéis que possam receber deficientes. Nem os próprios apartamentos e prédios são adaptados, a cidade se torna uma corrida de obstáculos – disse Lilian.

Segundo o censo realizado pelo IBGE, em 2010, são apenas 38 quartos adaptados em hotéis, pousadas e albergues em toda a cidade. Nos domicílios, o censo apurou apenas a presença da rampa para cadeirantes e há 162 mil domicílios com essa instalação, de um total de 1,88 milhão, o que não atende os 828 mil portadores de algum tipo de deficiência que a cidade abriga.

Projetos para adequar a cidade

Para alcançar a meta de se tornar 100% acessível até as olímpiadas de 2016, a prefeitura da cidade criou diversas iniciativas. Uma delas é o Calçada Lisa, que pretende transformar 700mil m² de passeios públicos. As calçadas cariocas receberam a pior nota – 4,5 - entre as 12 capitais brasileiras pesquisadas pelo site Mobilize Brasil.

As frotas de ônibus também precisarão passar por adaptações. A Rio Ônibus tem em sua frota atual apenas 60% dos seus carros adaptados e terá que aumentar esse número para 100%.

Das 99 estações da SuperVia, apenas duas têm capacidade de receber pessoas com deficiência, segundo um relatório feito pelo Instituto Brasileiro dos Direitos a Pessoa com Deficiência (IBDD).

Moradores da Vila Autódromo desafiam prefeitura

Mateus Campos


Embora a propaganda oficial insista em afirmar o contrário, existe uma parcela dos cariocas que está longe de incorporar o espírito olímpico. É o caso das 450 famílias da Vila Autódromo, comunidade pobre da Zona Oeste, que resistem às tentativas de remoção por parte da Prefeitura do Rio. Assentadas no lugar desde a década de 1960, as famílias seriam removidas para um conjunto residencial a ser construído pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Muitas das famílias que ali residem têm concessões de direito real de uso – documento em que o poder público concede o uso do terreno a terceiros.

Segundo o poder municipal, a comunidade -- que tem uma área de cerca de 1,18 milhões de m² -- tem que deixar de existir porque está na rota da Transolímpica e da Transcarioca, corredores expressos projetados para desafogar o trânsito da cidade. O professor Carlos Vainer, do IPPUR/UFRJ contesta o argumento da prefeitura. Segundo ele, o projeto das vias foi alterado com elas já em obras “somente para passar por cima da comunidade”.

O fato é que a iniciativa de remoção não é nova. Os problemas remontam à primeira administração de Cesar Maia (1993-97) e se intensificaram no período anterior aos jogos Panamericanos de 2007, já no terceiro mandato de Maia (2005-09). Diversos argumentos já foram usados: que a comunidade, por estar situada próxima à Lagoa de Jacarepaguá, representa um perigo ambiental, e que a desocupação do lugar seria uma exigência do Comitê Olímpico Internacional.

O Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, defensor dos interesses dos moradores, refuta as duas argumentações. Segundo eles, as construções em área de proteção ambiental somam apenas 5% do total, e se comprometem a regularizar a situação, removendo ou adaptando as construções irregulares.

O Comitê Popular ainda diz que o projeto do Parque Olímpico que venceu o concurso promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) mantém a Vila Autódromo e reconhece o lugar como Área Especial de Interesse Social.

A área que a comunidade ocupa é muito valorizada e está em crescente expansão. A prefeitura pretende ceder o local, através de uma Parceria Público-Privada, para um consórcio privado que planeja construir condomínios de alta renda.

A Associação de Moradores da Vila Autódromo elaborou um plano de urbanização para manter a comunidade, com a assessoria técnica de especialistas da UFF e da UFRJ. O plano, entregue ao prefeito Eduardo Paes no dia 4 de setembro, prevê condições adequadas de moradia e urbanização sem a necessidade de remoção. O prefeito, contudo, não se comprometeu em acatar as sugestões.