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Este blog tem o objetivo de publicar a produção de textos dos alunos das turmas de Laboratório de Jornalismo Impresso, PUC-Rio, 2012.2.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Rio longe da reciclagem

Lucas von Seehausen

Nesse ano, o Rio começou a resolver parte do problema do lixo com o fim do Lixão de Gramacho. Um crime ambiental que era cometido há mais de três décadas foi encerrado. O local, às margens da Baía de Guanabara, recebia 9.500 mil toneladas de lixo por dia, sendo 75% apenas do Rio de Janeiro. Agora, essas 8.343 mil toneladas de lixo produzidas na capital diariamente tem como destino a Central de Tratamento de Resíduos, em Seropédica. Mas a cidade-sede da Rio+20, a conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, ainda está longe de ser sustentável. Apenas 3% desse total são reciclados.A Comlurb, órgão da Prefeitura responsável pelo recolhimento do lixo, recicla apenas 0,25% dos resíduos que recolhe. Os outros 2,75% são de cooperativas de catadores.

A coleta seletiva é deficitária. Apenas 41 dos 160 bairros da cidade são contemplados com o sistema, e mesmo assim o o caminhão só passa uma vez por semana. Até a Copa de 2014, a prefeitura pretende ampliar em cinco vezes o alcance da coleta e aumentar a frequência para duas vezes por semana. As usinas de reciclagem, que hoje se resumem a duas unidades, devem passar para seis. Ainda há mais de 300 mil domicílios na cidade que não têm coleta de lixo regular.

Em grandes eventos, a produção de lixo aumenta em grande escala. Nesse Ano Novo, por exemplo, foram recolhidas 370 toneladas de resíduos só na praia de Copacabana. 


Lixeira high tech de Londres
Foto: Divulgação/Renew    

Nas Olimpíadas de Londres desse ano, o governo implantou o sistema de Coleta Seletiva Tecnológica, para incentivar o descarte correto de resíduos sólidos. Lixeiras de coleta high tech chamavam a atenção das pessoas na rua, com duas telas de LCD e transmissão de notícias em tempo real. Também foram instalados pontos de internet sem fio nas unidades para atrair londrinos e turistas. 

O que mais se aproxima disso no Rio são as lixeiras verdes, o único tipo de cesta para descarte de material reciclável nas ruas. Semelhantes às lixeiras laranjas comuns, essas são destinadas para recolher pilhas e baterias, mas só existem 332 em toda cidade.


Falta acessibilidade nos aeroportos do Rio

Foto: Crefes/Divulgação


Elena Cruz 

Se preparar a cidade para os jogos olímpicos de 2016 já é um desafio, enfrentar as exigências para os jogos Paraolímpicos é um desafio ainda maior. Desde o desembarque na cidade os competidores especiais solicitam cuidados. Os dois aeroportos ,Tom Jobim e Santos Dumont, ainda não são acessíveis a deficientes físicos. Além disso, poderão ter problemas nas viagens nacionais, pois o número de cadeirantes por aeronave é de 50% dos tripulantes de cabine.

O cineasta e professor da PUC-Rio, Silvio Tendler, tem denunciado as as dificuldades que passou a enfrentar desde que se tornou cadeirante: a rampa do Santos Dumont que é inacessível por barreiras móveis, ali colocadas para impedir o estacionamento . Com isso, o deficiente é obrigado a parar bem à frente e voltar pela a rua, colocando em risco a sua segurança, até chegar a rampa novamente. No Tom Jobim ele já teve problemas com o elevador especial. Desde 2007 está em vigor uma resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que aponta soluções sobre o acesso ao transporte aéreo de passageiros com necessidade de assistência especial, buscando assegurar a esses passageiros o acesso adequado ao transporte aéreo. O superintendente de segurança operacional da Anac, David Neto, admite a necessidade de melhorias na acessibilidade dos aeroportos e pretende rever a resolução de 2007 para o Rio 2016. Já a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), divulgou um plano de ação que promete, até 2013, a instalação de equipamentos e serviços de acessibilidade nos 66 aeroportos administrados pela empresa. Porém afirma que as adaptações de suas instalações portuárias atendem a NormaNBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ANBT) que cuida da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, visando maior facilidade a locomoção de deficientes como elevadores e ônibus adaptados.

Exemplo de Londres

Em Londres, as Olimpíadas e Paraolimpíadas 2012 foram exemplo de acessibilidade. Desde o início das obras, as plantas de edifícios novos que não estivessem de acordo com as normas inclusivas não eram autorizadas. A ideia é garantir acessibilidade ao deficiente sem separá-lo por portas laterais ou rampas, mas permitindo sua locomoção pelos mesmos lugares que todos. Os “black cabs” (táxis pretos) foram adaptados para receber deficientes e cadeirantes, inclusive com rampas de acesso para a entrada nos carros. Além disso, as calçadas são niveladas para cadeirantes e com rampas nos pontos de cruzamento. Por fim, a cidade é um modelo a ser seguido pelo Brasil pela infraestrutura e no respeito aos deficientes.





Nuzman vai para quinto mandato sob críticas

Mateus Campos

Reeleito para mais três anos de mandato, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, está há 19 anos no cargo e acaba de receber passe-livre de 30 das 31 confederações esportivas do país. Na sua quinta gestão, ele vai estar à frente do COB até as Olimpíadas de 2016. Nuzman assumiu o comitê pela primeira vez em 1995 após uma vitoriosa gestão na Confederação Brasileira de Vôlei. Sua meta para o novo mandato é tentar colocar o país no ranking dos dez melhores países em número de medalhas em 2016. 


Apesar da aclamação por parte das confederações, seu trabalho no COB vem recebendo muitas críticas dos adversários. Ex-árbitro da Corte Arbitral do Esporte, Alberto Murray diz que a reeleição de Nuzman é uma demonstração de que a entidade não quer democratizar o esporte, nem torná-lo social e transparente. Murray afirma que, por ser crítico aos rumos do COB, foi retirado do comitê em 2008. 

Os gastos do COB com os jogos de 2016 e os desempenhos modestos dos atletas brasileiros nas Olimpíadas são alvos preferenciais de quem não apoia Nuzman. O jornalista esportivo Juca Kfouri disse em seu blog que “nunca antes neste país se investiu tanto no esporte, coisa de 2 bilhões de reais de dinheiro público” e que, se os resultados não vêm, o problema “reside em quem intermedeia os recursos, há mais de 20 anos no poder”. 

Nuzman também é criticado por acumular a presidência do COB com a do Comitê Organizador dos Jogos de 2016, associação civil responsável por promover e realizar os Jogos. Nas últimas edições, o órgão não foi presidido por cartolas dos Comitês Olímpicos locais

O Comitê Organizador, por sinal, está envolvido em polêmicas após um roubo de documentos confidenciais praticado por funcionários brasileiros na Olimpíada de Londres. Os agentes da Rio 2016 trabalhavam em um processo de troca de conhecimento com os londrinos, mas baixaram arquivos e documentos sobre a logística dos jogos sem autorização. Nuzman minimizou o incidente, demitiu as pessoas envolvidas no escândalo e definiu o caso como “fato isolado”. 

Outro opositor de Nuzman é o deputado federal Romário (PSB-RJ). Ele tem feito campanha no Twitter, onde se manifestou dizendo que, embora já esperasse a reeleição do presidente, irá continuar denunciando “tudo de errado”. Alheio às críticas, Nuzman assumiu o cargo afirmando ter certeza de que é “possível dar um salto de qualidade e quantidade na conquista de medalhas nas próximas edições dos Jogos”.

O segundo maior complexo esportivo dos Jogos

Fonte: Dossiê da candidatura Rio 2016


Mariah d'Avila

O projeto olímpico do Rio de Janeiro para 2016 tem como base principal alguns bairros da cidade. Além da Barra da Tijuca, de Copacabana e do Maracanã, a região de Deodoro é a segunda maior sede de instalações esportivas da Olimpíada. Localizado na Zona Oeste do Rio, o bairro vai abrigar sete competições olímpicas – esgrima, hipismo, tiro esportivo, ciclismo (BMX e Mountain Bike), canoagem e pentatlo moderno – e três paralímpicas – tiro esportivo, hipismo e esgrima sobre cadeira de rodas. O projeto prevê a construção de um parque olímpico e de um centro esportivo. As instalações deverão fazer parte do Centro Olímpico de Treinamento de Deodoro, que começou a ser montado aproveitando o legado dos Jogos Pan-americanos de 2007.

Deodoro tem uma das maiores estações de trem da cidade. Para o acesso ao bairro durante os Jogos de 2016, será construída a TransOlímpica, uma via expressa que ligará a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes à região, prevista para ser estar pronta até o fim de 2015.

Deodoro conta com pouco mais de 10.800 habitantes, número que diminuiu desde o último Censo, em 2000, quando eram cerca de 11.500 moradores. Com o nome em homenagem ao Marechal Deodoro da Fonseca, o bairro teve suas terras cedidas ao Ministério da Guerra ainda no século XIX. Assim, grandes áreas militares e quartéis foram instalados em Deodoro ao longo dos anos e a área tem até hoje uma forte ligação com o Exército. Na região da Vila Militar, se encontra a maior concentração militar da América Latina, com um efetivo de 60 mil homens. Essa relação também pode ser vista no projeto dos Jogos Olímpicos. A maioria das instalações esportivas para a competição fica nessa área.

Apesar de alguns locais já estarem prontos desde o Pan de 2007, as obras que ainda devem ser feitas estão atrasadas. A principal questão envolve o novo autódromo da cidade. O Autódromo Nelson Piquet, que era em Jacarepaguá, foi desativado e o novo será justamente em Deodoro. A construção deve ser feita em uma área residencial, próxima ao bairro de Ricardo de Albuquerque. De acordo com a vereadora Sonia Rabello, em seu blog, existe o risco do projeto causar impactos ao meio ambiente, como o aumento da poluição sonora e a agressão à área verde da região.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Campanha quer preservar 2.016 nascentes até 2016


Debora Margem

Logotipo oficial da Campanha
Logotipo ofical da campanha

A campanha “Água Limpa para o Rio Olímpico”, da secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, quer garantir água de qualidade para toda a população. Hoje são cerca de 16 milhões de habitantes no estado, e apenas 88,1% de domicílios tem acesso a água encanada. A meta é proteger 2016 nascentes até a Olimpíada do Rio. A iniciativa é parte do programa Rio Rural – Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, que visa a melhoria da qualidade de vida no campo. O desafio do programa é conciliar o crescimento da renda do produtor rural e a conservação de recursos naturais.

Com inspiração no espírito olímpico, a campanha busca o apoio de agricultores familiares, prefeituras, empresas privadas, comitês de bacias hidrográficas e outros parceiros. Nas regiões Norte e Noroeste, 12 municípios participaram da campanha, em um total de 393 nascentes preservadas até o momento. Para atingir sua meta, a iniciativa promove ações integradas de conscientização sobre o papel fundamental do agricultor como produtor de água.

Uma das empresas parceiras da campanha é Emater-Rio, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, vinculada à secretaria estadual de Agricultura. A empresa dá assistência em instituições de ensino através de uma programação voltada à conscientização da população para a necessidade de proteção das nascentes. Os eventos incluem palestras, plantios de mudas e visitas a nascentes protegidas com a participação de alunos e professores da rede pública, produtores e população em geral. No encontro realizado em Campos dos Goytacazes, jovens do Norte Fluminense ajudaram na revitalização da mata ciliar do Rio Itabapoana e na proteção de três nascentes em Santo Eduardo.

As ações são divididas em proteção de nascentes e reflorestamento de margens de rios. O agricultor recebe os recursos para plantar espécies nativas de Mata Atlântica no entorno das nascentes e para recompor as matas ciliares das margens dos cursos d’água. Essa pratica evita a invasão de animais, poluição e o assoreamento, que contribui para a regularização dos fluxos de água nos rios e favorece a biodiversidade. É o exemplo de Campos dosa Goytacazes. O cuidado com o ambiente vem trazendo as capivaras de volta às terras da unidade rural do Instituto São José, por onde passou a campanha “Água Limpa para o Rio Olímpico”. Cada produtor recebe até R$ 7 mil para adotar práticas de conservação e técnicas econômicas sustentáveis. O Rio Rural emprega U$ 40 milhões do Banco Mundial e vai receber mais um aporte de U$ 100 milhões nos próximos dois anos, para práticas sustentáveis.

A presença do tema sustentabilidade e preservação nas Olimpíadas não é novidade. Londres mostrou que é possível adotar projetos de respeito ambiental. As obras para as olimpíadas foram parcialmente desmontadas e reaproveitadas em outros locais. Um exemplo é a arena de basquete, que foi totalmente desmontada e as arquibancadas para 12 mil pessoas deslocadas para o autódromo de Silverstone. Não só na maneira reciclável que infraestrutura foi construída, mas nas iniciativas tomadas para longo prazo. Os prédios construídos para os jogos consumem 40% menos água, devido a iniciativas como banheiros com descargas econômicas e o reaproveitamento da água da chuva. No Centro Aquático a água das descargas será reciclada e usada para limpar os filtros da piscina.

As práticas sustentáveis feitas no Rio, tomando como mote as Olimpíadas, podem trazer benefícios para a cidade e servir de exemplo para todo o país. A Região Sudeste representa apenas 6% da reserva de água doce do país, que tem a maior reserva de água doce do planeta. Dados da ONU afirmam que uma em cada cinco pessoas residentes em países em desenvolvimento não têm acesso à água potável. O número chega a 1,1 bilhão de habitantes. Estima-se que mais de três bilhões de pessoas estarão vivendo com escassez de recursos hídricos em seus países até 2024. O Rio Rural prevê que as 2.016 nascentes preservadas pela campanha passem a produzir um volume de água equivale a cerca de 2,6 mil piscinas olímpicas cheias por ano. Para difundir a iniciativa, o Rio Rural fez um vídeo promocional que mostra como a água é um elemento indispensável para a prática esportiva. O futebol é usado como exemplo de esporte que exige uma grande quantidade de água. O vídeo mostra que apenas para a irrigação do gramado, são necessários cerca de 40 mil litros de água por dia e que o jogador perde cerca de três litros de água por partida.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Governo revê plano para nova linha de metrô


Lúcio Oliveira  

Após muitas críticas e abaixo-assinados pedindo uma nova linha de metrô ligando o centro da cidade à Gávea pelos bairros internos da Zona Sul, o governo estadual cedeu e anunciou que o projeto já está em andamento. Na Alemanha, o secretário estadual da Casa Civil, Regis Fichtner, acompanhado de representantes da RioTrilhos e da Concessionária Rio Barra, confirmou que já foram iniciados os estudos de referência para a contratação do projeto de expansão do metrô que ligará a Gávea ao Centro com estações pelos bairros do Jardim Botânico, Humaitá, talvez outra em Botafogo em frente à favela Dona Marta ou próximo ao Shopping Rio Sul, e Laranjeiras. 


No evento, que aconteceu na cidade de Schwanau, foi entregue o “tatuzão”, um equipamento de 11 metros de altura, equivalente a um prédio de quatro andares e que pesa cerca de 2 mil toneladas ao custo de R$ 100 milhões, sendo o maior e mais caro já utilizado na América Latina. Capaz de cavar tanto rocha quanto areia subterrânea sem necessidade de bate estacas, explosões com dinamites ou abertura de valas, o equipamento promete escavar de 15 a 18 metros por dia, quatro vezes mais rápido que os métodos utilizados anteriormente. Ainda não há confirmação de onde será construída a estação do Centro, mas a princípio ela ficaria em um segundo nível abandonado da estação Carioca.
Projeto apresentado pelo movimento "Metrô que o Rio precisa" 


Ainda segundo Fichtner, o desejo é deixar o projeto inteiramente pronto e licitado para ser colocado em prática a partir de 2016, quando terminarem das obras da Linha 4, ligando a Zona Sul à Barra da Tijuca, já que a intenção é aproveitar o tatuzão na nova linha. A promessa é que o estudo fique pronto no final do ano e, depois da licitação ser liberada, o plano completo seja elaborado em um ano e meio. A suposição é que a nova linha seja uma extensão da linha 4, ligando diretamente o Centro, não somente à Gávea, mas à Barra da Tijuca sem necessidade de fazer baldeação.


Primeiro, o governo estadual não quis construir a estação da Gávea em dois níveis. Com apenas um nível, ela seria ligação entre Leblon e Zona Oeste, o que dificultaria um futuro projeto para construção de uma nova linha na Zona Sul nos próximos anos. Foi graças às manifestações da sociedade civil, principalmente ao movimento “O metrô que o Rio precisa” que a extensão Gávea-Centro entrou nos planos de expansão. Nos últimos anos, representantes de inúmeras associações de moradores das zonas sul e norte também protestaram pedindo uma ligação pela Linha 1 entre a Gávea e a estação Uruguai, que está sendo construída na Tijuca e deve ficar pronta no final do ano que vem. Sobre esse projeto, o governo ainda não se pronunciou.

O que vai ser do Engenhão após as Olimpíadas?

Luana Chagas

 O estádio João Havelange, o Engenhão, construído para o Pan-Americano de 2007 custou
R$ 380 milhões e já será reformado para as Olímpiadas, com o objetivo de aumentar a capacidade de 45 mil para 60 mil pessoas e melhorar o acesso ao estádio.
A empresa Odebrecht, contratada da Prefeitura para as obras já fala em seu portal sobre a obra do Engenhão e de como essas obras serão um legado para cidade. O estádio já custou seis vezes mais que o programado, de R$ 60 milhões, e agora vai despender mais custos para uma reforma. A despesa não foi alta apenas para construção.
O estádio foi arrendado pelo Botafogo por 20 anos por um aluguel mensal de R$ 40 mil e a responsabilidade das despesas de manutenção, que somam R$ 500 mil por mês. Como o estádio está deficitário, o clube não está conseguindo arcar com todas estas despesas e tem dívidas com a Cedae e a Light.
O Estádio Olímpico vem sendo palco dos campeonatos Brasileiro e Carioca, mas desde 2011 apresenta a pior média de público. O estádio não atrai os torcedores e corre atrás do prejuízo buscando patrocínio e realizações de outros eventos, como shows e feiras de carros. 
O estádio vai sediar as competições de atletismo, mas hoje as pistas estão sem uso. Em entrevista para o Globo, o presidente da Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro (FARJ), Carlos Alberto Lancetta, diz que a pista está subutilizada em função da falta de vontade política da Confederação Brasileira de Atletismo.
Desde que foi construído, o estádio sofre grandes críticas, que vão do acesso ao gramado à precária administração. O que se questiona é se haverá mudanças após as Olimpíadas ou apenas será mais um elefante branco.

Por um Rio mais limpo

Camila Chahon

Em todas as grandes cidades do mundo, o lixo é um dos principais problemas. No Rio de Janeiro, não é diferente. A COMLURB recolhe diariamente cerca de 8.800 toneladas de lixo domiciliar e de resíduos produzidos em toda a cidade. Os cariocas têm o hábito de jogar lixo nas ruas e se continuar assim, até 2016 serão mais de 16 milhões de toneladas produzidas.

A maneira encontrada pela prefeitura para conscientizar a população e esconder o lixo é inspirado no projeto português da cidade de Portimão. Faz parte do projeto Porto Maravilha a Coleta +Rio. Serão 42 containers subterrâneos – 21 para produtos orgânicos e 21 para recicláveis - e cada um com capacidade para guardar cinco toneladas de lixo. Assim que o limite for alcançado, um caminhão de coleta especial retirará o entulho.

Tentando seguir o exemplo das Olimpíadas de Barcelona de 1992, a prefeitura do Rio estreitou a relação Rio-Barcelona. O Porto Maravilha fez com que os serviços de drenagem, esgoto, energia e gás passassem a ser subterrâneos - assim como a do lixo –, diminuindo a poluição visual da área. A Porto Novo, concessionária o lixo da área portuária, recolhe por mês uma média de mil toneladas de lixo. 

O intuito do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, é dar para a associação de catadores de lixo tudo o que for coletado na região e eles serão os responsáveis pela seleção do material reciclável. Ainda de acordo com dados da Porto Novo, uma média de 2,6 toneladas de lixo são recolhidas por mês na Região do Porto - 1,1 mil toneladas das ruas e 1,5 mil toneladas de famílias.

Foco em hospedagem para aumentar economia

Ligia Lopes 

O crescimento econômico do país é uma das apostas da prefeitura para as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016. O setor econômico deve ser impulsionado pelo investimento no turismo no Rio de Janeiro, sede do evento. A estimativa do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) é que o Rio receba 380 mil turistas estrangeiros a mais nos jogos que vão ocorrer na cidade daqui a quatro anos. Em 2011, o Rio recebeu 1.695 milhões de turistas estrangeiros, sendo 6,5 milhões de turistas domésticos.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) exige que a sede dos jogos tenha disponibilidade de, no mínimo, 40 mil quartos de hotéis. Na época de sua candidatura, o Rio ofereceu 46.248 quartos, sendo cerca de 20 mil hotéis, vilas de acomodação e quartos em navios. Para aumentar a oferta de acomodações em hotéis, a Prefeitura ofereceu incentivos fiscais e urbanísticos para a rede hoteleira como a isenção de IPTU durante as obras, válidos até o fim de 2013.

Segundo o prefeito Eduardo Paes, de um total previsto de 12 mil quartos de hotel até 2015, 5.400 já estão em construção. Atualmente a cidade conta com 26.316 quartos de hotel, segundo os números da Riotur.

Além do investimento em hotéis, desde a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, em junho deste ano, a prefeitura do Rio vem investindo no turismo “verde”, com a criação do portal Hospeda Rio. O objetivo é estimular a hospedagem domiciliar, favorável para os dois lados: mais barato para quem se hospeda e gerador de renda para quem recebe. 


O site permite que o internauta procure opções de hospedagem já cadastradas no sistema ou ofereça sua casa para receber os turistas. O sistema alivia a sobrecarga na rede hoteleira da cidade. O programa mantém parceria com as redes Cama e Café e Bed and Breakfast Brasil, que assinaram a Carta Carioca de Hospitalidade, documento de prestação de serviços que assume compromissos como qualidade e avaliação do imóvel. Algumas das normas estabelecidas na carta afirmam que os anfitriões devem obrigatoriamente ter mais de 18 anos, o hóspede tem direito a uma cópia da chave de casa e quarto privativo. Além disso, o Hospeda Rio também oferece o serviço de aluguel por temporada de imóveis.

Rio2016 esclarece o projeto de bilheteria dos jogos

Mayra Nolasco

O ex-jogador e deputado Romário, do PSB, acusou o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, de articular esquemas para controlar a venda dos ingressos das próximas Olimpíadas com benefícios a clientes ricos. O presidente do Comitê Olímpico da Irlanda, Patrick Hickey, e o empresário Marcus Evans também são alvos de críticas do deputado. Em resposta, Nuzman alegou que Romário, apesar de ter sido um grande atleta, não tem informações para analisar os assuntos do Comitê Olímpico Brasileiro. Através de uma nota oficial, o site Rio2016 esclareceu como deve funcionar a bilheteria dos jogos.

A venda dos ingressos no Brasil é de responsabilidade do Rio2016, que está na fase inicial de elaboração do plano operacional, o que definirá os preços e a disponibilidade dos bilhetes. No fim de 2013, será realizado um processo público de seleção da empresa que fornecerá o sistema de vendas. No projeto Bilheteria Rio2016, as vendas internacionais seguem as regras do COI para decidir a melhor forma de trabalhar com cada Comitê Olímpico Nacional e seu revendedor autorizado.

No total, serão 6 milhões de ingressos para os jogos olímpicos com o valor médio de US$36. Mais de 2 milhões de bilhetes devem custar menos de US$20 e os ingressos para as competições populares, no Parque Olímpico do Rio, devem custar apenas US$1. O preço dos ingressos é padronizado no mundo inteiro pelo COI. Nas olimpíadas de Londres, o torcedor brasileiro comprou o bilhete pelo valor oficial, em libras, convertido para o real, pelo câmbio do dia. O valor das entradas dos jogos variou entre R$65 e R$2 mil.


Foto: Rio2016


“Todo mundo sabe da minha preocupação em garantir a todos os cidadãos acesso aos jogos da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Por isso, algumas informações me preocupam muito.” – escreveu Romário.

O deputado divulgou uma nota oficial afirmando que Nuzman é amigo de Hickey. Segundo ele, o irlandês estaria sondando oportunidades de negócios para a sua família no Rio de Janeiro, em vez de contribuir para os preparativos do evento.

“Foi noticiado na Inglaterra que o Sr. Hickey concedeu a alocação dos ingressos da Irlanda para os Jogos Olímpicos de Londres a uma empresa privada que, por sua vez, criou pacotes de ingressos com hospedagem voltados para a clientela mais rica.” – completou o deputado.

A empresa citada por Romário é o Grupo Marcus Evans, acusado de revenda de bilhetes. Na carta, Romário questiona diversas vezes o futuro dos ingressos das Olimpíadas do Rio e teme que o bilhete se torne um objeto de luxo destinado a minoria rica. Sua preocupação é que a maioria dos brasileiros só possa assistir aos jogos pela TV.

De acordo com o Rio2016, a Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional (CoCom) tem a missão de acompanhar a evolução dos jogos através de reuniões anuais no Rio de Janeiro, com a participação de 17 integrantes, incluindo Patrick Hickey. Ainda na declaração do site oficial dos jogos, Hickey não teria nenhuma relação funcional, contratual ou administrativa neste processo. 

O diretor geral do Comitê Organizador dos Jogos do Rio, Leonardo Gryner, chama atenção para os problemas sofridos por outras cidades-sedes das Olimpíadas em relação aos ingressos. Para ele, o modelo de vendas elaborado por Londres não deve ser repetido no Brasil. Nos últimos jogos, os bilhetes foram pouco acessíveis ao público devido à má distribuição e organização de vendas. As consequências foram os grandes espaços vazios nas arenas e nos ginásios. Gryner propõe uma venda mais flexível, como os ingressos unitários. O torcedor, que antes compraria um bilhete com direito a assistir todas as competições do dia em uma arena, por exemplo, agora compraria uma entrada individual, para cada evento do dia. Esse tipo de venda evitaria o “clarão” nos estádios, caso o torcedor fosse embora após assistir apenas uma das competições.